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Em 2020, no início da pandemia, iniciei com meus alunos um trabalho remoto que reunia práticas semanais de yoga com acompanhamento individualizado e ciclos de meditação. Um dos ciclos de meditação que fizemos foi Meditação nos Chakras. Para embasar a vivência da meditação, produzi pequenos vídeos com imagens e trechos extraídos de livros de Paulo Murilo Rosas e Naomi Ozaniac sobre chakra e sobre as características de cada chakra pela visão tântrica. Este foi o vídeo introdutório. Publico os links com os vídeos de todos os chakras abaixo. Eles são bem simples. Mais simbólicos do que teóricos. Seguem um caminho que acredito: para abordar naturezas sutis (colocar "bordas" ao que é "ina-bordável") , somente simbolizando. Creio que a filosofia, a imagem e o som - não necessariamente nesta ordem -, são recursos sutis para honrar o sutil, mesmo que eles nunca o capturem.


Yoga é caminho para energização dos chakras. Pratique Yoga!

Largo do Machado, 54/1002 +55 21 99143-1022



MULADHARA CHAKRA



SVADHISTHANA CHARKA


MANIPURA CHAKRA


ANAHATA CHAKRA


Texto da profa. Eliane Oliveira

Narração do texto por Eliane Oliveira: https://youtu.be/p1GJ7Ohdnd4



"Vou cair". É o que me dizem alunos novos, experimentando pela primeira vez as cordas do yoga Kurunta. Então, eu ouço o corpo. Tudo o que ele diz. Que sim e que não. Com muito carinho, cuidado e atenção. Quando ele diz que não, é não. Eu o acolho, como a uma criança (como também, por vezes, acolhi e acolho a mim mesma), e lhe digo (como, por vezes, me disse e me digo): "Calma, fica calmo, corpo. Está tudo bem. Faz só uma vez esse movimento. E, se der, faz duas, faz três. Quando der, faz cinco, faz dez. E, se não der, está tudo bem!". Ele confia. Aos poucos, confia. Em si mesmo. Finalmente se entrega, sem perceber que se entregou. Quando não confia e não se entrega (há vezes em que o medo de si toma profundezas não conhecidas), tudo bem também. Não há lugar nenhum a se chegar a não ser aqui e agora, a que não se chega: se é. Mergulhar no que se é, é o caminho. E, é disso que se precisa ter coragem. De mergulhar no que se é. Por outro lado, após o chamado à calma, preciso voltar às palavras do aluno. Não posso não enxergar a luz que dali irrompeu. É ouro. Ao que creio, aquilo que sabe dentro de nós, fala-nos nas entrelinhas. Inspira-nos (leva-nos para dentro) para depois expirar-nos (levar-nos para fora). Repito, então, o que me disseram e estimulo-os a ouvir de uma maneira mais simbólica a sua própria fala: “Vou cair”. Quanto simbolismo há inscrito no corpo! O corpo disse: "Vou cair". Quanto aprendizado ele nos ensina em sendo ele mesmo! Tememos cair, perder o controle, perder as forças, sair da linha, errar a dose, ter pouco para dar, dar muito sem limite, sentir dor, quebrar a cabeça, escorregar, dar de cara no chão, ficar pra trás, fazer errado, ser incompleto. Que olhos são esses que nos vigiam e nos punem numa enorme pressão de composturas? Isso é o que nos contrai em contraturas. Cair, perder, ruir, fracassar, machucar. Errar. Desalinhar. Exagerar. Indo assim, um dia, a panela vai estourar, se essa dor de andar em linha reta não se encurvar. Como é isso na sua vida? Então, do "vou cair", surgem variações mais divertidas. A gargalhada é uma delas. O corpo, posto em formas inesperadas, surpreende-se com a descarga energética acionada com o movimento de si mesmo. E ele ri. Ri espontaneamente. Só ri. Como se ali houvesse um riso esperando para ser rido, doido para manifestar o que foi calado e contido. Ele ri porque treme, porque sacode, porque desperta, vê e reconhece a presença de mais alguém além daquele "ego controlador" que pensava (temia e também, no fundo, queria) que “ia cair", “despedaçar-se”, “diminuir-se”, “ridicularizar-se”, "perder-se". O corpo balança. Que esquisito! Ele balança. A partir do riso e do estranhamento de si que não se conhecia, em geral, surge uma iluminação: “mesmo parecendo que vou cair, posso não cair", "e, se cair, o que é que tem cair?", "se cair, posso não me machucar", “se me machucar, não vou morrer”. Na sequencia, “ah, deixa eu cair!”. O corpo ri. Ri de como é preso. De como é medroso. De como é bobo. Ri de si mesmo. Diante da sua insegurança, agora sabe que é seguro. Ele ri, e eu rio junto. Rios juntos. 🕉️🙏Fluimos!


(Escrito em 24/08/19 e publicado em vídeo 29/04/21).



Mais informações sobre Yoga Kuruntha, clique aqui


Texto também publicado em:

https://www.suksma.com.br

http://uddiyanastudiodeyoga.blogspot.com/

Texto da profa. Eliane Oliveira - 11/04/2020


Morte. Não é fácil falar em morte. É um tabu, apesar de ela ser a maior parte da vida. Começamos a morrer quando nascemos. Desfazemos anos conforme fazemos aniversários. Cada dia que passa, nossa matéria morre um pouco enquanto vive. Mesmo quando a face lisa do bebê insiste em desmentir essa verdade, essa é a verdade. A morte da matéria, de qualquer matéria, é implacável. Não é possível se maquiar. Não é possível escondê-la. Dela, não é possível se esconder. Qualquer botox, ao invés de preencher o velho com juventude, só ressalta aos olhos de quem o vê que ali houve uma queda. A queda é bonita. A queda nos faz bonitos. A queda é parte da vida. É uma passagem da densidade para a sutileza. Mas, não nos convencemos disso, e, na tentativa de controlá-la (a queda, a velhice e a morte), nós nos plastificamos. A mente de quem se plastifica confia no que é falso e acredita que é possível frear o curso do rio cheio de quedas e impermanências, que o fazem rio. Pegamos um punhado de areia fina nas mãos e a areia cai por entre nossos dedos. Temos algumas possibilidades. Podemos sentir a coceguinha que a areia faz ao deslizar das mãos enquanto vai embora. Ela vai embora, mas a coceguinha é extraordinária. A vida, na passagem da areia pelos dedos, se eternizou. Ao invés disso, podemos apertar mais firme a areia nas mãos enquanto ela desliza, querendo e crendo segurar seu insegurável deslizar. Apertaremos a areia nas mãos, temerosos da sua queda, não desfrutaremos a coceguinha que ela faz ao deslizar pelos dedos das mãos, e, ainda por cima, iremos perdê-la de qualquer jeito, pois deslizar é a sua natureza de areia fina. Podemos ser gratos às cinzas que geram a fênix ou podemos jogá-las fora no lixo como lixo, e não teremos a oportunidade da fênix, que renasce. A perda pode ou não ser uma experiência feia e ruim. Depende. Depende da nossa escolha.

Creio que estamos vivendo coletivamente uma experiência de morte e de luto. Através da morte da matéria (da derrubada de corpos e de instituições), visita-nos uma experiência de morte que nos alcança em dimensões internas mais profundas. São tempos coronarianos. Tempos de corona. Tempos de assuntos relativos ao coração. Tempos da queda das coroas. Os nomes corona (o vírus) e coronário (artérias que nutrem com sangue o coração) tem a mesma raiz etimológica: coroa. Não é interessante? Essa relação - nome e cenário - me conectam imediatamente à simbologia gravada na carta do tarot chamada “A Torre”. Consiste numa torre muito alta e sem portas, em cujo topo está assentada uma suntuosa coroa. Seus moradores coroaram seu castelo. Seu castelo era a sua verdade. Seu castelo era sua riqueza. Seu castelo era seu poder. Seu castelo era sua vida. Não abriam mão dele. Mas um dia, inesperadamente, um raio caiu sobre a torre, derrubou a coroa e jogou seus moradores para fora do castelo. Na marra, porque, por eles, de tão ensimesmados, continuariam castelocentrados. Foi morte. Foi queda. Mas, justamente o raio que trouxe a morte ao seu castelo também libertou seus moradores, dando-lhes a chance de reverem o que na vida merece coroamento. A tal possibilidade de se tornar fênix, desfrutando da coceguinha da areia fina por entre os dedos.

Pois, em tempos de corona, as coroas dos castelos caem para dar lugar ao coroamento do coração. Somos levados para um retiro. Isolamento. E, ainda: somos chamados a nos retirar não somente para nos proteger, mas como a única forma de proteger a humanidade, num ato de compaixão (sentir a dor do outro) pela sobrevivência do planeta. O planeta nos convoca ao recolhimento, à meditação. Isso é claro e evidente. Para fazer essa passagem da densidade para a sutileza (Páscoa), é preciso abrir mão de si em honra à existência do outro.


O planeta faz seu balanço com severidade e nos questiona o que é a normalidade. Ele faz isso em alto tom. Alguns, apegados às pedras dos seus castelos, reagirão como a fase de negação num luto. Negarão a morte havida. E, segurando firme entre os dedos a poeira fina do seu tombamento, aguardarão a volta a um ontem já ido. Outros, porém, fazendo coro com o chamado do planeta, questionarão a normalidade, e, mais do que nunca, irão se dispor à recriação de si, aqui e agora. Há nevoeiro? Sim, há nevoeiro. Quem pensa que um dia enxergou ou enxergará tudo claro, se enganou. Não controlamos nada. Enxergamos bem pouco. Mas, inspirando-nos no que dizem os mestres, durante o nevoeiro, podemos levar o barco devagar.

Aprendi com Jung, um desses mestres, que, na hora das crises coletivas, é bom olhar para os símbolos e para os mitos. São sabedoria eterna, universal, habitantes do inconsciente coletivo. Eles não nos ensinam na teoria. Eles agem em nós na prática. Nós os atuamos. Posso, por exemplo, nos sentir todos dentro do mito judaico de Jonas. Conta-se que havia uma cidade chamada Nínive onde guerreiros que a dominavam matavam cruelmente os seus moradores. Deus, compadecido, encarregou um homem justo chamado Jonas de ir até lá para enviar um recado aos guerreiros: “Dou-lhes quarenta dias para se arrependerem, se não, lançarei sobre vocês minha fúria”. Jonas sabia que essa era uma tarefa muito difícil. Ficou apavorado de levar aos malfeitores a mensagem de Deus. Então, fugiu. Fugiu em um barco para uma outra cidade que ficava em direção oposta à Nínive. Entretanto, durante a viagem, acontece uma enorme tempestade cujas ondas gigantescas ameaçavam destruir o barco e matar todos os embarcados. A tempestade só cessou quando Jonas é lançado ao mar. Uma baleia engole Jonas e ele fica vivo no estômago dela por três dias e três noites. Isolado e preso na barriga da baleia, Jonas cede ao profundo silêncio da alma e entra em meditação. Ali, ele se ilumina. Compreendendo a importância da sua responsabilidade para com seu tempo e para com aquele povo, é vomitado pela baleia numa praia, para seguir, enfim, rumo à sua missão. O chamado de Deus é o chamado da sua consciência. Era preciso abrir mão de si, das suas verdades, dos seus medos. Morrer. Mas, Jonas negou e fugiu da sua consciência. Até que, após um retiro forçado ao ser engolido por um monstro do mar, o enfrentamento de uma sombra presa nos calabouços da sua alma, despertou. Jonas estava morto na normalidade quando julgava estar vivo. Meditou na barriga da baleia em processo de digestão e de gestação de si mesmo. Ressurgiu. Agora sim, vive.

Eis a nossa prova. É uma prova. Aproveitaremos a “barriga da baleia” como um templo para, humilde e honestamente, reavaliarmos as escolhas que tomamos como humanidade até aqui; aproveitaremos a "barriga da baleia" como um útero para nos gerar como humanos e sociedade justos, solidários e livres, integralmente, em dimensões econômicas, políticas, culturais, emocionais, corporais, espirituais; fluiremos com a vida desde agora para um tempo em que o coração do planeta será coroado; ou insistiremos em defender as coroas de nossos castelos plastificados e caídos, mesmo que essa inconsciência nos leve para o nosso fim como espécie?

Depende. Depende da nossa escolha.

Eu, seguirei com o coração. Rumo à vida, apesar da morte.

Boa Páscoa!


Uma música para inspirar sua vida:


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